Um
Ano. Nove e meia, noite, "Pai, ó paiiii .....", ouvi-o, um lamento, suspirado, com o paiii a morrer, decrescendo, devagarinho, quase choro, "O que se passa, Filho?", "Ó paiiii ....", "... promete-me, pai", "O que se passa, porque estás assim, o que aconteceu?", "Pai, promete-me que não fazes nenuma asneira, quando chegares a casa ...", "Claro que não filho, mas porquê?", "Pai, só te peço para não fazeres nenuma asneira ...", "Ó filho, olha, não te preocupes, estou a chegar, falamos do que te preocupa, tá?", "Tá, paiii ...". Ando mais depressa, o que terá acontecido, logo hoje, que deixei o carro à Mãe, malditos autocarros, nunca acertam com o combóio. Porta na chave, silêncio, penso, jantam na Avó da Mãe, estranho, Tommy ... Tommy?, o cão, devia estar na porta, maluco, à minha espera, ladrado, com o brinquedo, mas não está, acendo luzes, quarto dela, parece tudo bem, não, mais vazio, a televisão, armários, vazios, armários corredor, vazios, Dela, no nosso quarto, vazios, mais, Dela, não há a arca, corro para o dele, sem computador, sem a televisão, sem almofada na cama, sem a roupa onde a guardava, na sala, não há aparelhagem, faqueiro, o serviço VA, menos copos, corro para o nosso quarto, a fotografia dele, quando nasceu, em cima da mãe, não há, sótão, secretária vazia, sem computador, impressora, ou scanner, corro, telefono, "M, M, onde estão, diz-me, onde estão?", "....", "Filho, onde estão?", "... noutra casa", "mas aonde, qual casa?", "... numa que a Mãe alugou", "onde fica, onde está?", "... Pai, não posso dizer, a Mãe diz que te enviou um e-mail e a advogada dela mandou um fax à tua", "Filho, saí às sete e não recebi nenhum e-mail, a minha advogada também não me telefonou", "Pai, não posso dizer", telefono à mãe, não me atende, a Filha também não, advogada, Dra., aconteceu, recebeu, o que faço, sim, não recebeu, eu também não, polícia, participação, corri, fui, participei, que não fazem nada, é coisa de casais, para tribunais, está bem, insisto, quero participação, está bem, nada fazem, mais, volto, peço testemunhas, testemunham, o vazio, deles, na casa, chaves do areeiro, mudem o canhão, meia noite, Filhos, vida, casa, roubo! Morro. Um ano, depois, desapareceram, hoje, como se fosse ontem. Adeus, Filhos ...!
41 Comments:
Estás a ver este ponto?
-> . <-
É do tamanho que está agora o meu coração. Não consigo imaginar nada para te dizer. Nada. Desculpa.
Um beijinho amigo!
Xana
Não há adeus para quem se ama!!!
Um beijo grande L.
Força!
Pensa que eles estão noutra casa mas estão bem.
Isso é o mais importante de tudo, não é?
Nuno, obrigado, é assim que eu, também, estou.
Xana, obrigado
Anna, obrigado. Sabes, hoje sinto-os muito longe. Inalcançáveis, escondidos.
Ana Rodrigues, obrigado, também. Sim, eles estão bem. Há que dar graças por isso.
Olá, bom dia.
Quer dizer, só "dia"...
Não podes imaginar como te compreendo, pois também eu estou à beira de tomar uma decisão complicada, exactamente porque não estou sozinha, porque tenho os meus baixinhos...
Não tenho muita coisa para te dizer a não ser que tenhas força, porque se calhar não estão assim tão escondidos (olha o teu dia do Pai); se calhar, estão é mais divididos...
Um beijinho
Maria João, obrigado. Espero que tudo te corra, também, bem. Não desejo a ninguém esta situação.
Não há palavras, nem dá para imaginar o que se sente. Deve ser desolador.
Mas o Sol continua a girar à volta da Terra e temos de ter muita força para continuar.
Um beijinho,
EP
Ninguém merece isso!
Um abraço solidário e que tudo se resolva pelo melhor.
OLha, acabei por ler o blog de fio a pavio e tive que postar acerca do que aqui encontrei.
Tenho uma pequena surpresa para ti.
Aparece.
Um abraço
Angústia... Coração apertado... Gente que não conheço... E lágrimas nos olhos por si, tão só, um Pai.
Já há algum tempo que descobri este blog. E nesse dia li, tudo!
Apetecia-me comentar e não fui capaz. Porque só consigo ter raiva.
Como é possível existir tanto egoísmo, tanta medíocridade, tanta malvadez?!
Não consigo ter nenhum afecto por essa mãe (com um "m" muito minusculo) que foge sem enfrentar as consequências dos actos.
Não consigo ter afecto por uma mãe que pelos filhos não é capaz de se relacionar/falar/comunicar (obviamente a nível social) com o pai.
Não consigo ter afecto por uma mãe que provoca que os amigos tenham de optar por um, para ir a uma festa de aniversário.
Não consigo ter afecto por uma mãe que pressiona de tal maneira os filhos que impede um melhor relacionamento com o pai.
Consigo, sim, ter afecto por este PAI que passo a passo, dia a dia, vai conseguindo conquistar a alegria de viver, e conquistar o afecto dos filhos sem pressões. Muita Força para si!
P.S. Desculpe o desabafo! Mas acho que há muita gente que o compreende...
É verdade que estou a julgar algo e alguém que não conheço. Alguém com quem foi muito feliz um dia, e alguém que não era assim quando estava consigo.
Lá será boa mãe noutros aspectos da vida dos seus filhos, acredito que goste muito deles e que ache que está fazer bem... Mas sinceramente só consigo ver muito egoísmo e falta de sinceridade.
Nem quis acreditar no que li... que Deus resolva rapidamente tudo...
Um abraço apertado
Alda
http://historias-da-mama.blogspot.com/
Os filhos, esse, ficam para sempre...e é bonito de se ver, a nossa relação. Pensa que os tens sempre presentes apesar da distancia física.Entendo a mágoa mas... carrros, pode sempre haver mais.Mulheres...hás-de encontrar a tua
Fica bem Amigo!
Um grande xi♥
Pois eu acabei de aqui chegar e acabei de me arrepiar.
Não estava à espera deste relato, confesso. Estava à espera de mais um blog de um papá que embora raros deixam transparecer o outro lado da questão.
não foi isso que encontrei... também não era isto que gostava de ler.
Não compreendo como se tomam atitudes assim. Não vos conheço, para saber se tinha razões ou não para o fazer. Mas chocou-me a forma como o fez... com ou sem razão.
Do fundo do meu coração, espero que consigas maneira de dar aos teus filhos todo o amor que sentes por eles.
Se uma mãe é única, um pai também o é. Porque se os filhos precisam da mãe, também precisam de um pai. Porque embora separados, os filhos não se dividem.
Porque já te escrevi um testamento... deixo-te apenas um beijinho, e o desejo que tudo se recomponha depressa.
Que tenhas muito mais que 4 dias num mês para veres e seres pai dos teus filhos.
Sandra
ó Pai... Pai... E tomara muitos pais terem tamanho espaço noaqueles corações... tomara...
;(
*** Ciranda
Que forma brutal de perder tudo num dia, num segundo.... Não posso nem imaginar...arrancarem de nós a sangue frio a parte mais importante do nosso coração....
Será que o egoismo de uma pessoa a impede de pensar que todas as crianças precisam de um pai e de uma mãe?...e que como todas as flores não podem ser arrancadas à bruta senão definham mais depressa?
Aliás, as flores não deviam ser arrancadas, pois qdo o fazemos estamos a matá-las para nosso deleite.
Desculpa o testamento, mas estou chocada...
Um Forte Abraço
Sandra
Como os outros, não tenho palavras que te consolem nem que te acalmem essa dor. Um abraço forte e desejos de que tudo se resolva bem.
Olá, só passei por aqui para te deixar um abraço, também muito sentido.
Fica bem. Não te consigo dizer mais nada.
Não sou mãe...apenas filha e tantas vezes desavinda com uns pais que já não são casal...comovi-me muito.Não sei que te diga, a não ser desejar-te o melhor possível nesta tua situação. Beijocas
Puxa... lamento muito, Tão só um Pai. A sua dôr fez-me recordar a dor do meu próprio pai quando ficou sem nós, filhas... nem quero pensar nisso. Mas o muito amor dele ganhou: aos 14 anos decidi ir viver com ele... podia escolher e escolhi. Enfim, isto só para lhe dizer que não está nada perdido...continue a amá-los muito, muito. E se lhe servir de consolo deixo estas palavras: "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã." Salmo 30:5 Um abraço....
Já tinha visto alguns comentários teus algures noutros blogs. E hoje resolvei 'investigar'. Não estava preparada para o que li, confesso.
Só posso deixar um abraço e esperar que se resolva tudo da melhor forma, e que um dia os teus filhos entendam muita coisa...
abraço
Triste ,apenas triste...desejo a melhor sorte do mundo em tudo.Acho que mereces muito mais ...
Sou apenas uma visitante mas sei bem o que é querer um pai e nao o ter querer uma mae e nao a ter e outros que querem nao podem ....
É a minha primeira visita a este blog e devo dizer que fiquei muito agradada. O presente post é dilacerante na sinceridade como conta a dor...Um abraço e uma boa Páscoa :-)
Caro amigo. Grande amigo. Une-nos o deixar a família. Mas também nos une o continuar com alegria a vida.
BOA PÁSCOA. Que Jesus ressuscite a nossa vida.
estórias reais? gostei do pouco que li, por agora. espero que não te importes que te linque. se puderes passa pelo meu. abraço
http://estoriasdeembalar.blogspot.com/
Se há alguém que sabe ser PAI, esse ser és tu. A vida não é fácil e dá muitas voltas (eu que o diga) mas, nunca deixes de acreditar na força dos teus sonhos. Nunca deixes que a tristeza vença. Segue em frente com esse amor infinito que tens para dar e, naqueles dias menos bons, em que tudo parece ruir, pensa nos bons momentos que viveste com eles, naqueles que tão bem sabes relatar, e tira daí a força para seguir em frente. Depois de ler tudo o que escreveste fico com a certeza de que és uma óptima pessoa e que tens muita força. Vou continuar a vir aqui muitas vezes. Eu
tenho um nó na garganta tão grande que nem imaginas, ou melhor, imaginas porque a história é tua! de certa maneira é uma historia parecida com a dos meus pais: eu sou a filha que estava longe de casa e recebe um telefonema a disser "a mãe pegou nas troxas e zarpou!"
não sei que te diga, mas os teus filhos não estão longe de ti...podem não estar no quarto ao lado, as camas podem estar spr feitas, mas eles tem-te no coração como tu a eles e "basta" um momento com eles para te aperceberes disso...agora eles têm que utilizar mais vezes as camas da casa do pai dá-me a impressão...
até breve
tenho um nó na garganta tão grande que nem imaginas, ou melhor, imaginas porque a história é tua! de certa maneira é uma historia parecida com a dos meus pais: eu sou a filha que estava longe de casa e recebe um telefonema a disser "a mãe pegou nas troxas e zarpou!"
não sei que te diga, mas os teus filhos não estão longe de ti...podem não estar no quarto ao lado, as camas podem estar spr feitas, mas eles tem-te no coração como tu a eles e "basta" um momento com eles para te aperceberes disso...agora eles têm que utilizar mais vezes as camas da casa do pai dá-me a impressão...
até breve
Passei outra vez para te desejar uma boa Páscoa!
xi♥
Como é possível que um casal que outrora se amou possa destruir o símbolo maior do seu amor como se tudo fosse justificável... pobres filhos. Sei o que sentes, acredita! O importante, para nossa sanidade, é saber que o que não mata enrijece, e os teus rebentos um dia farão a sua história. E no meio da tempestade nunca percas o Norte, nunca faças nada que te diminua, tudo o que fizeres servirá para te engrandecer... só assim se supera a vertigem! Abraço
Li e chorei. Porquê? Porque falas da separação dos pais e dos filhos. Os meus pais estão há mtos anos à beira de um divórcio adiado, não sei porque é que adiam o inadiável, o que é facto é que adiam. Hoje quando acordei tinha à porta do meu quarto um bilhete do meu pai a dizer que ia sair de casa por hoje e amanhã para pensar, para por os pensamentos em ordem. Disse que volta amanhã. Voltará? Não sei. Tenho medo. Muito medo. Há anos que fala em suicidio. Estranho... Nunca entendi.Fala nisso há mesmo muito tempo. Tenho o coração muito apertadinho pela emoção. Amanhã saberei a decisão que tomou.Será a mais acertada? Será que "o" vai fazer? Rezo baixinho para que não... Preciso dele.
Desculpa estar a desabafar em vez de te estar a confortar. Estou sozinha... Precisava disto. Beijinhos
Triste. Muito triste.
Que amor é esse que faz privar os filhos de terem uma relação com o pai?!?
Um beijo.
Comecei por ler este post e só depois fui lendo os outros.
Neste tinha entendido que nunca mais os tinhas visto. Enganei-me. Felizmente.
Um beijo, e obrigada pela visita!
Bem, é dificil ler este artigo e não o comentar... mas depois, com a página em branco, a gente não sabe o que dizer, não há palavras... 'felizmente' já passou um ano, e com maior ou menor dificuldade já conseguiste apanhar os cacos e "(re) continuar de novo"... Beijos grandes! Angel
Chego aqui pela primeira vez, e deparo-me com esta história, pai... que posso eu dizer...
Tenho a certeza que os filhotes não esquecerão nunca o pai que têm. Porque este pai faz por isso, de certeza. E isso é muito importante para eles. E será importante no seu futuro, também.
Muita força...
Eu como sempre... com a eterna tendência para advogada do diabo... querendo com isto dizer.. que não acredito que um casamento desfeito seja uma mais valia para o crescimento dos filhos...
QUASE SEMPRE) há males que vêm por bem!!!
Há que acreditar e saber esperar.
Bjos meus, Valentina
E, às tantas, paro e pergunto-me o que leva alguém que já esteve tão próximo do outro, a acabar tão desesperadamente afastado? e a optar pelo refúgio no silêncio omissivo? Será uma vergonha desmedida? Será uma simples e crua falta de coragem? Ou simplesmente ficam ocas por dentro?
Era suposto «a coisa» tornar-se mais fácil, à medida que envelhecemos, não?
Beijos, mais que muitos, Pai.
*** Ciranda
Nem consigo imaginar a tua dor, o teu desespero.
Mas vê bem... hoje estás a 1 ano dessa cena. A tua vida, marcada, ficou. Mas o amor dos teus filhos, permanece. E isso é no que tens de te concentrar.
Força!
Um abraço
~º(",)º~
Fernanda
Olá,
Só agora descobri este cantinho e deparei-me logo com este post..
Nem imagino a tua dor! E se imaginar....nunca conseguirei saber o que sentes!
Força muita força!
Infelizmente esta vida é tudo, menos justa!
Só o tempo ajuda a curar feridas...e já se passou um ano!
Um grande abraço
lacosdeternura.blogspot.com/
nem sei se vais ver este comentário... decidi vir ver p trás, afinal é aqui q está a tua história mais real... e li isto...
pessoalmente deixei de dizer q entendo o q alguém sente, pq aprendi q nada disso é possível...
Acho q o primeiro comentário, o do Nuno, traduz tudo...
Um beijinho
Ao percorrer o blog não pude deixar de comentar este... sem dúvida um texto que nos deixa o coração apertado... pessoalmente, recordo-me com os meus 11 ou 12 anos acontecer o mesmo...a minha mãe saiu de casa, levou-me com ela sem que pudesse recusar... hoje estão novamente juntos mas não sei se foi o melhor! Hoje como antes o apoio busquei-o sempre só em mim...nunca o achei deveras em ninguém...
Parabéns pelo excelente blog,pelo exemplo de pai...
**Guida**
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