Aos 16 dias
No dia 16 de Abril, de mil novecentos e oitenta e mesmo muitos, casámo-nos, na Igreja de Oeiras.
Não fazia questão de que o fosse pela Igreja, nem de que não o fosse. Sendo esse o desejo da Mãe, adoptei essa vontade e desejei-o, também. Deixem-me dizer-vos que, nunca, na vida, me arrependerei.
Aliás, gostava, um dia, de me casar outra vez, assim. Em o querendo, quem me amar. Mas, como em tudo, há actos que a Igreja nos concede, apenas, uma vez na vida. Uma, por força das circunstâncias. Outras, por sua e estricta vontade.
Dou, por isso, graças a Deus, por nos conceder a possibilidade de nos casarmos outra vez, mesmo sem a benção da Santa Igreja. Mas sempre, sempre, com a benção de Deus.
E, numa cerimónia por Deus abençoada, assumi, perante Ele e ela, o compromisso do “para o melhor e para o pior, até que a morte nos separe”.
Que tenciono cumprir. Porque sou crente.
Apesar desse amor jazer morto e em câmara ardente, deu frutos muito vivos e muito amados. Obrigado, Deus, por estes frutos abençoados.
Da cerimónia, lembro-me do côro afinado, e de como foi bonito, o soar do orgão. Coisas de ninharia, enquanto contive as lágrimas, pelo tempo que pude. Olhei para a Mãe, que estava como eu. Virámo-nos para o Padre, e ele, eternecidamente, sorriu. Fixámo-nos no altar, e, em silêncio, de mãos dadas, bem apertadas, deixámos as lágrimas fluir. Mais ninguém o viu. Só o sorriso do nosso Padre, que nunca mais se apagou. Nem da minha memória. Obrigado, Padre, e ainda bem que continuas connosco.
Sim, o beijo final, teve um outro significado.
Não fazia questão de que o fosse pela Igreja, nem de que não o fosse. Sendo esse o desejo da Mãe, adoptei essa vontade e desejei-o, também. Deixem-me dizer-vos que, nunca, na vida, me arrependerei.
Aliás, gostava, um dia, de me casar outra vez, assim. Em o querendo, quem me amar. Mas, como em tudo, há actos que a Igreja nos concede, apenas, uma vez na vida. Uma, por força das circunstâncias. Outras, por sua e estricta vontade.
Dou, por isso, graças a Deus, por nos conceder a possibilidade de nos casarmos outra vez, mesmo sem a benção da Santa Igreja. Mas sempre, sempre, com a benção de Deus.
E, numa cerimónia por Deus abençoada, assumi, perante Ele e ela, o compromisso do “para o melhor e para o pior, até que a morte nos separe”.
Que tenciono cumprir. Porque sou crente.
Apesar desse amor jazer morto e em câmara ardente, deu frutos muito vivos e muito amados. Obrigado, Deus, por estes frutos abençoados.
Da cerimónia, lembro-me do côro afinado, e de como foi bonito, o soar do orgão. Coisas de ninharia, enquanto contive as lágrimas, pelo tempo que pude. Olhei para a Mãe, que estava como eu. Virámo-nos para o Padre, e ele, eternecidamente, sorriu. Fixámo-nos no altar, e, em silêncio, de mãos dadas, bem apertadas, deixámos as lágrimas fluir. Mais ninguém o viu. Só o sorriso do nosso Padre, que nunca mais se apagou. Nem da minha memória. Obrigado, Padre, e ainda bem que continuas connosco.
Sim, o beijo final, teve um outro significado.
17 Comments:
Há memórias q nunca se apagam :)
Há momentos que nunca nos levarão ao arrependimento :)
Há lágrimas que serão sempre de alegria e nunca de tristeza :)
bjokas ":o)
Sabes, a única coisa que conclui do teu texto é que tu és bom. És uma pessoa boa. Não deixaste corromper as tuas memórias do que amaste com todo o coração por simplesmente as coisas já não serem como dantes.
Ao acarinhares essas memórias revelas que estavas convicto e seguro das tuas decisões.
Gostei muito. Gostei da saudade estampada nas tuas palavras. Tanto que não me resta senão dar-te os parabéns por este dia. Fiquei tão maravilhada que espero que o meu raciocínio não seja um perfeito disparate!
Um beijinho
Sandra
Força, sim?
É bom teres essas recordações tão limpídas e tão felizes na tua memória.
Mas não vivas no passado, vive o presente e planeia o futuro.
EP
eu casei-me em 2000, e só peço que nunca acabe esse meu sonho, mas tenho medo... muito medo.
Há dias disseram-me o seguinte à cerca do casamento "mesmo que as coisas não corram bem o amor fica, fica sempre, porque ele existiu um dia e foi verdadeiro". Na altura devo dizer que não percebi. depois de ler este post acho que começo a perceber... Quanto aos filhos isso percebo bem... mas é dificil! Bj MC
... como devem perceber ... esta recordação e as vossas tão boas palavras, abafam-me o coração.
Não que seja choramingão, mas as vossas palavras estão-me a puxar por elas ... e não me sinto nada mal. Isto, um homem, não é, nem de pedra, nem de pau.
Um beijo e um abraço, onde ele vos alcance.
pois... numa data posterior a tua também fiz o mesmo apesr de não ter sido pela Igreja.
Mas tivemos direito a cerimonia e tudo, como manda a "lei"...
Acho que o principal não é não teres deixado corromper essa recordação mas não deixares que a vida destrua as tuas convições como pessoa!
Um abraço grande e que continues sempre na busca da felicidade.
Ontem, ao assinar o divórcio fixei finalmente a data do meu casamento... sou muito má para datas... Casei-me no civil, não pq n quisesse q fosse um casamento católico mas pq n queria viver junta e já tinhamos a casa... mas mais complexo do q estas simples palavras... e se fosse católico presumia-se q existisse a festa e tudo o mais...
O divórcio tornou-se parecido com o casamento... só q desta vez ainda estivemos mais sós... eu tinha escolhido a conservatória p nos casarmos e ele escolheu a do nosso divórcio...
Não... não foi ele o mau da fita, fui eu. E honestamente duvido que ele ainda conserve o q quer q seja desses tempos em q tudo era ouro sobre azul ou tentávamos q fosse. Penso q ódio ou desprezo é mais o que lhe vai na alma.
Em tempos tinha-lhe pedido p irmos sós ter c um padre p nos casar... qd aceitou a proposta já era demasiado tarde.
Nc vou ter respostas para tudo q se passou e n sei se passaria por tudo de novo. Nunca o vou saber.
PS: raramente comento deste outro lado, que considero mais para papás do que p pessoas como eu que adiaram tudo isso...
Mas claro q aquilo q o TsuP contou mexeu com as minhas lembranças pq na verdade nos últimos dias n tenho feito outra coisa senão recordar...
E raramente me senti assim, "tão" convidada para ver de frente o íntimo de uma cerimónia que pode ser tão magnífica. Mas ainda mais raro é ver alguém falar de um passado saudoso dessa forma, tão viva e presente. Serão assim, os nossos fantasmas bons? Eu tenho um, ou dois. Não sei se é bom se não. Não sei se me mantêm, se me atrasam. Mas sei que livrar-me deles não consigo... e nem sei se quero.
Beijo muito grande, Pai. E obrigada pela eterna comoção das tuas palavras. Tenho ainda tanto para aprender...
*** Ciranda
olha que bonito! :)
não penso muito no casamento, não faço questão de casar pela igreja até porque sou agnostica, e por uma questão de respeito pela propria religião acho que não o devo fazer...
mas imagino esse casamento...lindo!
As tua memórias são lindas, mesmo que depois nem tudo tenha corrido bem. Coneguires mantê-las assim é realmente fantástico. Obrigada pelo post - foi lindo também me trouxe lembranças.
Bjs.
Liliana
Não sou casada, mas fiquei emocionadíssima com o teu testemunho.
Como diz a Anna^ Há memórias que nunca se apagam e que nos afagam.
Um beijo
As lágrimas vieram. Gosto de te ler aqui, e muito raramente comento. Mas este post, fez-me parar, respirar, sentir...
Na minha aliança tenho gravado, Set 2001. Uma cerimónia civil muito íntima, sob um céu azul infinito.Um dia bonito, que quero guardar sempre.
Aqui há dias no parque...Enquanto empurrava o baloiço, olhava para outras famílias e por momentos pensei, que quero tanto, que nós os 3, juntos. Resultemos.
Acho que tenho medo...
Um beijinho
Olá, a todinhas,
A vida prega-nos destas partidas.
Não sou "velhote", o suficiente, para tecer grandes comentários. Mas reconheço que são os piores momentos que contribuem, quer para o reforço da ligação do casal, quer para a "explodir".
É nos piores momentos, geralmente nos de saúde, também de outros familiares, fragilidades nos empregos e financeiras, que os casais "rebentam", com o rebentar de alguns sonhos e expectativas, se "desagregam", que as mágoas mais profundas surgem. Nestes momentos, em que as sensibilidades estão ao rubro, e o amor tem muita raiva misturada, é importante não gerar desconfianças, nem adoptar comportamentos que sugiram a procura de apoio sntimental fora do casamento. É, nestes momentos, que a confiança mais quebra, e o resto com ela.
Claro que se teme, sempre, o futuro.
Se a todos os receios juntarmos o novo comando das rotinas do casal, determinadas pelas necessidades dos filhos, e as coisas ainda mais se complicam.
Passo a passo, momento a momento, há que procurar, constantemente, a união possível, sem esquecer que o outro não é estático, e que evoluiu interiormente, em tudo. O amor é, muito, isto.
Vou usar o silêncio porque não sabia que dizer. Utilizo este apenas para dizer que estou perto.
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