Wednesday, May 16, 2007

Legado

Olho-te, em ternura, imensa e inexplicável, derrubando tudo, diques e muralhas, arrombando até portas muito antes invioláveis, e jorra, qual enxurrada, desaguando, agarrando, carinhosamente, a minha na tua mão. Sorrio-te. Palavras? Sorrio-te. Silêncio? Nem por isso. Quando o amôr ruge, a boca cala, o olhar grita, ri, asfixia, que sufoco, que aflição. Ah ... Paixão. Os que eram dois, foram. Agora, ficaram num.
Tomo-te, devagarinho, de carinho, nos meus braços. O tempo? Há muito fechei os olhos, sorrindo no teu rosto, no meu peito aninhado, perdido nesse afago, o que te aconchegou, e segurou, neste meu abraço. E beijo-te, o cabelo, um a um. Cuidadosamente, descubro nos meus dedos o delicado da tua face. É tão lindo, o teu cabelo, brincando, suavemente, entre os dedos do meu afago. Meu Deus, porque me és tão linda ...? Que injusto ...!

E quando te foge uma lágrima, na felicidade ou pela dôr, maior os cuidados, em que te seguro e consolo, bem ao meu jeito, bem junto do meu peito. Depois, sorvo em mais beijos, em cada uma o seu beijo, as pepitas que me vêm, tão preciosas e dolorosas, do fundo do amôr, que me dá o teu olhar. Ah, mas agora, quando nos virmos ou encontrarmos, o amar é silêncio, por segredo do momento, deste amor sempre terno, e não sei se eterno, mas sempre guardado, aqui e aí, num sôfrego olhar. Olha-me, sorri-me, como eu. Nos teus lábios lerei duas palavras. Duvido que alguém as reconheça. Eu murmuro mais uma, no total lerás três. É este o nosso legado. Nele, eu Amo-te e Adoro-te. Para Sempre.

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