Tuesday, May 08, 2007

Endereço sem destinatário

Promete

Se puderes, guarda-me no teu coração.
A quem to perguntar, nunca mais me viste, ou ouviste falar de mim.
Aos meus filhos, pede-lhes o seu perdão. Há muito que os perdoei no meu coração.
O Sol está a nascer, para me levar, tenho que me queimar, tenho que apagar tudo o que ficou, aqui. Aos dias que te apontei, põe, no sítio combinado, mais três rosas de côr carmim.
Se não voltar, era só isto o que queria, o que fizesses, por mim.
Guarda-me, enquanto durmo. Guarda-me sempre, para não me perder, também, de ti.
Tenho quer ir.
Promete, que fazes o que te peço, sem lágrimas, nem dôr, por este fim, sem fim. Promete-me, que nunca me abandonas, mesmo quando eu fugir, de mim.
Promete-me, promete-me, promete-me, por favor, que não me abandonas, enquanto morro cá dentro, sofrendo neste inferno, porque o faço, pelo amor, mas muito, que to tenho, a ti. Promete-mo como eu to prometi, e perdoa-me por só o conseguir dizê-lo, assim.

Publicação prevista para o início de Abril 2007. Não foi entregue por se desconhecer a morada do destinatário. Hoje, não existe destinatário. Fica aí.

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