Sunday, April 01, 2007

As minhas Paredes

As minhas paredes, tão brancas, tão vazias, foram feitas de esperança, e, às vezes, de agonia. Projectam os sorrisos, as lágrimas que teimam em fugir-me, pelas celas do pensamento.
Afagam-me em ternuras, condoem-se com amarguras.

Vejo-te, na infância, tão quente e colorida, tão iluminada pelo Sol.
Tu, és eu.

Estas paredes, tão brancas, são as minhas amigas nos dias de lua. Silenciosamente, nuas. Amargamente e só, tuas.

Vi-te, gelado, abracei-te, beijei-te, chorei-te. Dessa vez, já não me sentiste. Não houve dores. Só a dôr.

Visitas-me, com o choro da lua. O sol, esse, chora como uma núvem.

Balbuciei um sim, que eras tu. Vi-me, no que era eu, um eu de nadas. Acariciei-te. Só eu e tu. Vejo-te, todos os dias, assim, eu e tu.

Então, peço-te, intercede por mim, que não seja anunciada, te traga na serenidade do sonho, e um lindo sorriso, nos meus lábios. Contigo, nas minhas paredes, levo-me. Com tudo, e sem nada.