Sunday, April 01, 2007

Vamos fazer um Muro

Um muro que separa tudo. Escolhemos-lhe a altura, é simples. Você, fica aí, e eu, quedo-me acoli.

Não interessa o material, desde que tape tudo.
Ah, já agora, convém que seja insonorizado, é mais eficaz. Pois ... não sei ... mas está bem. Pode ter alguma transparência. Pelos contornos, sabemos quem somos, como estamos.

O muro, como se pretende, espartilha e esconde. Paciência, pois, se protege ... que fique. Este muro já não cai, daqui já não sai. Também não interessa. Se cair, levanta-se outro . Mas ... não, afinal, acho que é melhor eliminarmos a transparência. Sabe, que diabo, um muro, é um muro. Não sei bem como o quero, mas ... não, não pode ser transparente, deculpe lá, mas não pode. Cada um que fique no seu lado. Pronto, assim é que é. Um muro tem que o ser de distâncias ... se quiser, envie-me um SMS.

Ah, façamos de conta que é um muro muito alto e muito lindo. Afinal, é um muro construído em parceria, em sociedade.
Vamos pintá-lo com as fugas coloridas da eterna felicidade. Claro, que sejam muitas as felicidades. Não só as vicendas, como as vindouras.

Ó que euforia, mas que alegria. Ó que correria. Sejamos felizes, sejamos muito felizes, felicidade para todos, a rodos.

Mas, se calhar, não só é mais rápido, como ainda mais barato, cobrir o muro de cartazes. Vamos pedi-los em qualquer clube de vídeo. Rasgam-se e substituem-se, à cadência dos novos filmes.
Olhem que não existe renovação mais barata para vida.

Agora sim, temos o modelo afinado. Muito alegremente, iremos decorando, com toda a felicidade, os mais belos muros de novas vidas. Mais do que isso, serão o pilar duma nova, longa e terna amizade. Claro, sempre em parceria, sempre em sociedade. Mas só com muros, só com muros ...

Olhe, desculpe lá, mas, para as ilhas Maltesas, também se vai de combóio? Ah ... pois, só a nado ... ah, sim, ou de barco ... pois ... de autocarro, também não dá ... pois ...