Wednesday, May 30, 2007

Recorrente

Preciso de vento. Não me interessam coordenadas, nem o que houver, ou haverá, para além de tão imenso e, sempre, o insondável, do horizonte. De manhã, aponta para a aurora, à tarde, para o poente e, à noite, apaixona-te, escolhe, das que vês, uma estrêla, só uma, mas uma que não seja cadente. O mar, há muito que não me assusta. É pena, devia merecer-me o mêdo. Só não percebo porque preciso, assim, tanto e de tanto vento. O leme? Leva-lo tu, eu quero a prôa, com ela afundar-me numa onda, a mais destruidora, a mais aterradora, quero ser arrastado, vês? nem me agarro ao casco, não tenho mêdo, mas eu queria, mesmo, sentir muito, mas muito mais mêdo. Que tormento. Porquê Eu? Não entendo, porque os levou a corrente e, a mim, soprou, assim, o vento. Já nem é um pesadêlo, tão só uma pergunta, Porquê Eu, Agora, ou Ainda, e só Eu, Aqui? Sinto-me febril, sinto-me demente, neste momento, sinto-me doente. Preciso de vêr, preciso de ser, preciso de muito, mas muito e mais vento.


Ermida, Peninha, Domingo, Meio-Dia.

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