Wednesday, February 16, 2005

Terceiro

Eu não queria. Ele, chorou, deixou de comer, de me falar. “Quero um!”. “Quando mudarmos de casa”, “e pudermos”. Mudámos, mas não podíamos, assim o entendia. Depois, já era o único que não queria. Coisa feia, a minoria. Sem a Mãe, autoridade não havia. Tentei, que ele, também, não podia. Pedimos um emprestado, bébézinho, pela dona à rua tirado, cócó, chichi, vomitado, ficou tudo empestado, O Filhão limpava, a Mãe ajudava. Devolvemos e agradecemos. À noite, já não queria. Fiquei aliviado. Uma semana depois, já queria, raça de moço marafado! “É coisa viva”, “e depois?”, “não é consola, computador ou televisão!”, “e depois?”, “cócó, chichi, vomitado”, “eu limpo, passeio e cuido!”, “no inverno, chuva e frio”, “eu cuido!”, “vacinas, doenças e veterinário”, “eu trato”, fez-se ouvir a Mãe. Derrotado! Como se não bastasse, veio aquela vózinha chover no molhado, “ó pai, deixa o Mano ter um cão”. Derrotado! Ah, mas não, se querem um cão, as regras tenho-as à mão … . Onde dorme? Fica em casa, não há quintal e a varanda é desabrigada. Raças? Só as amigas de crianças. O Filhão já o escolhera, pois que fosse, um golden retriever. Demos com o último numa ninhada, ninguém o queria, já estava com 4 meses, “tenha paciência, restos de colecção, só com preços de saldo”. Fomos a Coimbra. Tímido e medroso. Não era peludo como os outros. Ora, maldito o coração, velho, trôpego, "Parvo!", a fazer boquinhas ao cachorro. Chegou a separação. Gostou do colo no carro. Hora de lanche. Chocámos com pavores. Os dele. Sítios escuros e toldos? Foge, desgraçado, nem vos quero ver, vou já esconder-me. … quase morreu atropelado. Para entrar no prédio, ao colo o carreguei, mal chegou a casa, debaixo da cama aquartelou. Coisa estranha, num sítio escuro como breu. À noite, demos uma volta, ele, medroso até mais não, qualquer folhita o assustava. Foi cheirando e recuando, avançar, só ao colo, e como era pesado. O que me havia de calhar, mais um filho abébézado. Noite não tivémos. De manhã, lá estavam todos, chichi, cócó, vomitado. Partimos logo de ferias, e quem o treinou asseado? … o levou à rua e brincou? … no veterinário o vacinou? Pois, este pai dominado!


Hoje, resmunguei. Terça, 15 de Fevereiro de 2005.

5 Comments:

Blogger Ana João said...

os putos são assim! os pais são uns molengões (sem ofensa até pq ficam giros)! fazem a vontade aos filhos - ter um cão é saudável- mas ha que os "obrigar" a encarregar-se das suas responsabilidades! :)

tá mto giro...

4:44 PM  
Blogger Tão só, um Pai said...

.. pois, e o cachorro também me conquistou. Tens razão, tentei resistir e, depois, amoleceu-me o coração. Não há direito!

4:53 PM  
Blogger Tão só, um Pai said...

P.S.
Hoje, quando me "convidam" a ir ver uma loja de animais, quase que fujo. Depois, fujo mesmo, com os preços. Fica para outro post.

4:59 PM  
Blogger Nuno said...

Aiaiaiai que temos poeta!!!

9:03 PM  
Anonymous Anonymous said...

best regards, nice info
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1:32 PM  

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