Wednesday, August 08, 2007

É verão, é verão ...

... e palpitam os corações.
Olhar posto no vazio, enquanto a fila na caixa se movia lentamente.
Quando chegou a tua vez, lá arranjaste um problema com o cartão de crédito. Não sabias o código.
Olhei-te, pela primeira vez, para quem estava na fila á minha frente. Para os pés, e a correiazinha de prata (ou prateada?) pendurada no tornozelo. Julgava que isso já tinha passado de moda.
Sorri.
Depois, olhaste-me, senti-me observado, olhei-te e ... desfiz-me. Será que respirei?
Ficámos nesse pasmo durante uns segundos. Nenhum de nós teve a coragem de convidar o outro para uma água, café ou o que fosse. Apenas sorrimos.
O rapaz da caixa, com um ar reprovador, quebrou o silêncio, esboçou-me um sorriso ciumento e estendeu-te o talão.
Puseste às costas a tenda de campismo, com a forma de uma mochila redonda, agarraste no saco com o resto das compras, e seguiste em frente.
Sim, reparei que paraste mais á frente, olhaste para trás, esperaste um pouco, viste-me a sair da caixa e a afastar-me de ti.
Desististe, saiste.
Desculpa, da última vez em que me senti assim, em que até as pernas me tremiam, apaixonei-me perdidamente.
E ... nem percebi bem quão nova serias, apesar do teu lindo corpo de mulher.
Para além disso, eras linda demais. Demais.

8 Comments:

Blogger Camaleão Vaidoso said...

Que bom rever-te.Reler-te assim, solto nesta esfera de indefinições.Acompanhar esse dia-a-dia por fragmentos que partilhas com todos nós.
Esses olhares de tudo. Esses momentos, segundos e minutos que poderiam fazer história, não fossem as nossas convicções sociais, moralidades ou simplesmente receios. Ás vezes penso como a vida fugidia nos leva, a custo para longe do que poderia ser o destino em nós. Simplesmente a hora não era a melhor.
Assim guardo dos meus tempos de menina, um sorriso que revi vários dias em encontros casuais na carreira (em terras do interior não se diz autocarro. Relembro um arosa oferecida a troco desses sorrisos e um nome e um rosto que nunca mais revi. Não serão essas as essências do paixão? O mistério? o nada esperar mas acrditar que nessa dimensão tudo seria possível.
Gosto de te ver...

2:20 PM  
Blogger Quica said...

Olá.
Como sempre, adoro o que escreves e transmites de ti, do dia-a-dia, da vida.
É mto bom voltar a ler-te.
Um beijinho mto gde, doce, azul
Quica

3:18 PM  
Blogger Ana Loura said...

Ele há momentos assim em que fugimos da paixão como o diabo da cruz...mêdo da ressaca...
Beijos Ah, gosto de te ler, mas acho que já to disse...aliás não sou nada original

3:23 PM  
Anonymous Anonymous said...

Há momentos assim... :-) só que, falo por mim, normalmente nem os anoto por se calhar com um sorriso os ignorar.... Foi boa ideia escrever, ficou tão bem!

7:33 PM  
Anonymous Anonymous said...

E quando evitamos olhar essa pessoa com medo que esse olhar fique colado no olhar do outro?
Filó

2:03 PM  
Blogger Ana Loura said...

Onde anda Vc?

2:12 PM  
Anonymous Anonymous said...

Quem, eu?
Sabes, miga, nasci na ilha do Faial por "acidente". Saí de lá com 3 anos, e de S. Miguel com 6. Não tenho lá raízes mas tenho muito orgulho apesar de nunca mais lá ter voltado.Sou 4 anos + velha que tu e sou uma mulher muito apaixonada. Bj
Filó

7:29 PM  
Blogger Tão só, um Pai said...

Ando, aqui, por aqui, mas nem tudo pode ser revelado, ou escrito. Do escrito, há muito, está guardado... Mas ando, ainda. Aqui.

3:31 PM  

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