A Malta não brinca com a Vida, Pá!
Nunca me reconciliei com Ela. Acho, eu acho, que nunca o farei. Para mim, como a aprendi, nunca será uma partida, apenas a última forma do horror, do maior, entre os mais impensáeis horrores, perpretado pelo sadismo, crueldade, indiferença, e o ódio, acumulado, em gerações, todo concentrado, dessa raça, que se convencionou designar por humana. Vi-o, senti-o, aos 7, aos 8, aos 11, aos 14. E, aos 15, Ela agarrou-me, quis dar uns passos. Com a barbárie, com a frieza macabra, com aquele momento, que sabemos, depois não sabermos, do horror suplicante nos olhos e dos gritos de indescritível desespero e dôr, de mais horror, sempre o horror. De como o cheiro das fezes, da urina, e o adocicado do sangue se misturam, de comos trememos por termos os músculos todos retesados, para não sentirmos nada, para não sentirmos o impacto, de como cada milésimo de segundo já custa e queremos que tudo acabe já, e ali, de como nem já suportamos a espera e somos nós a querer tanto e com raiva encostamos a testa ao cano para lhe cheirar melhor o sangue e exigimos, suplicamos, ordenamos ainda com mais raiva Pôrra Acaba Essa Merda Filho Da Puta! Esta m custa! A malta julga que apaga as coisas, porque éramos miúdos, mas elas é que não se apagam. E, depois, nada. Duas semanas de cama, a arder, a arder. No hospital receitam quinino para o paludismo. Quando somos visitados, a malta percebe que não nos deixaram a vida, a malta foi deixada, a malta foi ficada, vazia de nada e de sentido, a malta não sabe onde fica, nem aqui, nem lá, em lado nenhum, nem aonde nem porquê, a malta tá aonde? A malta tá aqui, pá? Aqui o quê? E a malta precisa de vento nas fuças, para respirar, para tirar o sufoco, a malta precisa de correr, fora e dentro, a malta precisa de andar sempre a chamar o gajo e desafiar o mêdo, e, depois, anda sempre a encolher os ombros, até conseguir querer acreditar que está preparado para a próxima. Às vezes, não está. A malta precisa de vêr coisas bonitas, a malta precisa, sempre, de raiva, e tem raiva em tudo, a malta ama com raiva, a malta defende a vida com raiva. A malta, às vezes, tem Paz. A malta precisa de ter um sentido, ou nada fará, jamais, algum sentido. Não há outra forma de estar na vida, para se ter vida, pá. Os que amamos estão acima de tudo. Nunca perceberam? A malta já morreu e só queremos ver e dar vida, para sentir que está viva, pá! Olhá merda, pá! A malta não deve mexer nestas coisas. Já chega quando elas mexem em nós, pá. Pôrra pra Ela, pá. Esta merda é dura. A malta não dorme! A malta, um dia, deixou de dormir. Vou ali e venho já, Pá! Tá explicado, Pá? Deixem-me em Paz, Pá! A malta tem é que viver, Pá!
1 Comments:
De palermices está a vida cheia... cheia de gente que nos vê na merda e mesmo assim avança. Sim... pq quando alguém está mal, temos que pensar por essa pessoa e por nós... e deixarmo-nos de merdas. de nos querermos sentir compensados pq foi tudo tão mau. Pois foi. E depois? Que tem o outro a ver com isso? Se nem te invadiu o espaço, se nem te pediu nada.
Uns meses antes e haveria um monte de pequenos comprimidos e tu nunca ias ficar com as culpas, pq é assim a vida.
Fizeram-te tanto mal não foi?
Tanto que agora querias partilhar o teu passeio vazio... tanto que insististe... Tanto que te cegaste, que n percebeste o perigo em que colocaste o outro.
Badamerda diria outro qualquer.
Eu... olha, digo que saltei a tempo fora... Saltei a tempo de areitar em ti. Exactamente no mesmo dia em que n pensaste que n podias aceitar o que alguém bambo das pernas nem sabia já o que fazia.
Eu disse-te... "esta vista vai custar-me muito cara". Eu sabia... só n sabia que eras muito pior que eu, q só tinha vontade de chorar... a passar por todos os locais onde havia vida antes e agora me trazias, morta.
Acabas sempre assim... a querer sp tudo a meio lume e a perder tudo o que podia valer a pena.
Acabas sempre assim, num padrão que ainda nem percebeste.
Sabes o que mais detesto? Naquela manhã estar tão sonolenta que n pude dizer não a sério.
Pq n sabia q ia era ouvir as tuas mágoas, pq precisavas de audiência.
RV
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