Thursday, June 16, 2005

Dia Dez

Ao fim-de-semana, só os tolos ou os recém-chegados ao bairro, se atrevem a visitar a praia nas suas horas mais concorridas.

Ao fim-de-semana, a praia pertence, todinha, aos "estrangeiros" embarcados no Cais do Sodré.

Sobram as extremidades, mais afastadas dos túneis de acesso, com pequenos bares discretos e ajuntamentos para o surf ou o bodyboard. E ninguém quer palmilhar mais outro quilómetro sobre a areia, por vezes escaldante, depois dos dois que percorreu desde a estação de comboio até ao areal.

Avistado dali, o centro da praia, onde muito dificilmente caberia uma toalha, é um tumulto constante de sons e gentes em movimento. Como um caldeirão.

No outro dia, só houve uma novidade. A polícia, que não vestia á paisana.
Provavelmente, tratar-se-iam de filmagens para mais uma novela indigesta.

No "meu" bar, de aspecto pobre mas gostoso, deixei-me hipnotizar pelo mar, com o olhar posto num vazio de pensamentos, embalado na eterna redescoberta do jazz. Aos poucos, fui abrindo uma porta aos rostos que se desenhavam no fumegar do primeiro café. Os rostos da minha vida. Inconformado, paguei e pirei-me. Por hoje, chega.

Fim do dia, visita arejadora ao café do bairro. Oiço o nome da "minha" praia, a televisão mostra multidões de banhistas misturados com polícia, referem-se bandos e assaltos. E não percebo nada, porque eu estive lá, escutando-me na paz com que Deus me abraçou. Tivesse havido uma catástrofe e morrido pessoas, de pouco me aperceberia. Não passou, tudo, de mais um telejornal, com a habitual contradição de versões. As imagens são estáticas e confusas. Vêm-se gentes e agentes. Esta notícia foi mal contada e será rapidamente esquecida. Ainda bem que o Filhão foi passar o fim-de-semana fora.

21 Comments:

Blogger Ana Luísa said...

Há muitos anos "atrás" cheguei a ir a 'essa' praia. Depressa percebi que a confusão de gente era sempre 'mais que muita' e desisti... Imagino que para quem aí viva, a "visão panorâmica" sobre tudo que acontece seja completamente diferente de quem está de passagem... E que se sinta alguma 'angústia' pela falta se sussego...

12:22 PM  
Blogger Tão só, um Pai said...

Ana Luisa,
Falta de sossego é coisa que não existe, desde que não se vá a esta praia, aos fins de semana.

Mais do que aos que por perto moram, procupação maior terão os que aqui se deslocam, para o que percorrem dezenas de quilómetros e nisso dispendem muito tempo, em verem o seu esforço (e dinheiro) mal recompensado.

2:09 PM  
Anonymous Anonymous said...

Também eu fui surpreendida pelas noticias do telejornal desse dia, afinal eu moro ali ao lado, mas tinha saido para um fim de semana fora....Continuo a sentir-me priveligiada por poder passar/passear sempre que me apetece perto deste imenso mar/areal.... Outono, Inverno, inicio de primavera o encanto é outro.... mas todos tem direito a este mar.....

nat

2:58 PM  
Blogger Eva Lima said...

Finalmente uma outra versão da estória.
Como é que é? Eram assim tantos e tu nem os viste?

Estes publicitários...

3:03 PM  
Blogger Tão só, um Pai said...

Que aconteceu algo, deve ter acontecdido. Exactamente o quê, quem eram e de onde vinham (há muita especulação, aqui) ainda não percebi bem.

4:24 PM  
Blogger Anna^ said...

tsupy então n eram 5 ao ataque e 495 atrás? :) mas onde é q eu já ouvi isso; mas q a história está mal contada...parece q sim!

bjokas ":o)

5:22 PM  
Blogger LP said...

A tua estória é melhor que a original... aliás, qual é a original?

Bjs

5:32 PM  
Blogger Zu said...

Disse-me uma amiga que uma pessoa moradora na zona de Carcavelos que com ela falou sobre o assunto lhe contara que já vem sendo costume haver assaltos deste género (mas com muito menos pessoas envolvidas) no dia 10 de Junho. Pelos vistos, tu não confirmas isso?

10:20 PM  
Blogger Tão só, um Pai said...

Zu,
Há sempre assaltos em todas as praias, por esta altura do ano. Assim como os há nos combóios, nos autocarros e onde quer que haja um grande aglomerado de pessoas. Confirmo que, na parte da praia a que costumo ir, é tudo muito mais calmo.

7:33 AM  
Blogger Vilma said...

É... infelizmente, acredito cada vez menos nas noticas, para o meu bem! E não deve ter sito assim, pois o seu tempo de contemplação tão pouco foi afetado... :))!

10:26 AM  
Blogger Night said...

Pelos vistos o mar hipnitizou-te bem... nem reparaste nos 500 larápios que por lá passaram hehe, é normal que as coisas tenham sido mal contadas ou exageradas
Um abraço

11:03 AM  
Blogger Raquel Vasconcelos said...

Por vezes gostamos tanto de um local, um cantinho... que tudo nos passa ao lado...

6:12 PM  
Blogger kikas said...

Tenho uma amiga minha que estava lá e ficou apavorada quando os viu correr em direcção a ela, não me disse que foi tal qual o noticiado, mas foi muito mau, ficou sem a mochila dela e ainda levou duas chapadas por se ter agarrado às suas coisas e não ter facilitado :-(
beijinhos
kikas

10:25 PM  
Anonymous Anonymous said...

Temos um gosto em comum: a paixão do jazz.
Também, como o amigo penso que a situação foi empolada.
Depois há que entender as causas e não combater os efeitos.
A marginalização terá lógica?
Não terão havido interesses obscuros por detrás de tudo isso?
Note, que a extrema direita está a tirar partido da situação. Não terá sido provocada por aqueles que este fim de semana se irão manifestar?
Hitler fê-lo. Um incêndio provocado por ele, forneceu-lhe o motivo para justificar a barbárie.
Um abraço

12:06 PM  
Blogger Luís said...

Ha muito tempo que deixei de ir a carcavelos com frequencia. As raras vez que por lá passo são nos dias de semana, na parte da manha. velhotes, país de ferias com os filhotes...

Fins de semana? deixa lá isso...

Quem tem carro vai para a costa...
Quem não tem, vai para carcavelos. Afinal de contas o comboio passa mesmo por lá...

Insegurança?...
nunca tive problemas... mas não gosto de confusões.
mas também nunca fui apanhado num arrastão...

6:09 PM  
Blogger Luís said...

Desculpa os erros...

(pais...)

6:12 PM  
Blogger Tão só, um Pai said...

Bo dia, a todos.

Por certo, estarão em causa várias coisas.

Começando pela delinquência juvenil e as suas raízes sociais, económicas e culturais. A associação deste fenómeno à negritude da pele é relativamente recente. A guetização dos mais desfavorecidos, a inimputabilidade dos menores e a perversão de valores serão, apenas, a ponta do iceberg.

Alterar este estado de coisas será querer alterar o mundo em que vivemos de um dia para o outro, e isso é impossível. Sejamos realistas. No cuurto prazo, apenas poderemos tentar atenuar o problema. Exijam-se, por isso, aos nossos governantes, não um encolher de ombros mas medidas concretas do ponto de vista social e judicial. Com pés e cabeça. Muitas dessas medidas têm sido referidas por sociólogos e psicólogos, mas ignoradas, devido aos custos orçamentais das mesmas. No entanto, esses custos aparecerão sob outra formas, nomeadamente através dos prejuízos causados pela delinquência crescente, e pela necessidade de uma maior repressão policial.

E muito mais fica por dizer e debater.

Temos, no entanto, o direito a usar as nossas praias e transportes públicos sem sobressaltos ou agressões. Pequenas ou grandes. Cadastrem-se os bandos de menores, os seus membros, retire-se-lhes a inimputabilidade e submetam-se a programas de orientação educativa e social.

8:34 AM  
Blogger Blogger said...

apesar de todas as coisas más que andam á nossa volta, é sempre possivel ver a beleza do mundo em que nos encontramos.
*_*

2:47 AM  
Anonymous Anonymous said...

~é verdade

não houve arrastão nenhum

JORNAIS, TVS, FOTOS, COM MONTES DE GENTE , CORRENDO, AS QUEIXAS DE 3 VITIMAS, TUDO MENTIRA, NÉ PAI

5:22 PM  
Blogger Tão só, um Pai said...

Anónimo/a,

Leia bem, leia bem.

Não disse que não tenham havido roubos.

Apenas que chega a ser surrealista como, na mesma praia, podemos estar em paz e no meio de uma calma medidatação enquanto, no outro extremo, acontece a vandalice.

Custou-me a acreditar que tudo isto tenha acontecido. No entanto, tal não terá sucedido com a dimensão anunciada, a quente, pelos media.

Por outro lado, sou da opinião que as pessoas devem defender-se mínimamente, evitando grandes aglomerações em que, por vezes, nem uma toalha cabe. E que, muito menos, deverão submeter as suas crianças a esse martírio.

E tenho conhecimento de, ainda recentemente, a polícia ter detido mais uns quantos grupos que, muito provávelmente, iriam repetir a façanha.

9:03 AM  
Anonymous Anonymous said...

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11:16 AM  

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