des-achada, a maninha pintainha.
Nunca mais se soube dela, por estas paragens.
Da última vez que lhe ouviu a voz ficaram, um e outro, sem saber bem o que dizerem ao telefone. Ele, porque não estava à espera de a ouvir, enquanto descia as escadas e recebia os convidados para a sua festa de aniversário. Reconheceu-lhe o silêncio cúmplice da infelicidade, de quando não está bem. Tentou, atabalhoadamente, balbuciar qualquer coisa com sentido, que a animasse, que a fizesse sorrir. Procurou, à pressa, uma graça perdida na memória, mas não a encontrou.
Em pouco tempo, desde que ela voltou a casar e encontrou um novo emprego, a distância aumentou. Foi sabendo, por terceiros, que lhe ia melhor a vida, não obstante os contratempos da nova união, normais para quem está de fora, mas angustiantes para quem os vive. Congratulou-se, ao saber que ambos conversaram, que a união voltara. Isso soube-o, então, por ela. Um dia, ligou-lhe, para saber como ia. Era dia de aniversário do filhote, foi convidado, conheceu-lhe mais familia, sentiu-a feliz, bem entregue, sentiu-se, ele, feliz.
Naquele preciso momento, não havia nada a dizer, por ficar tanto por dizer, para dizer. Por o desalento ser tão audível naquele silêncio, enquanto ele, ainda de telemóvel na mão, entre dois beijos e outros tantos abraços dos convivas recém-chegados, lutava para lhe dizer que não a achava bem, que talvez fosse bom visitá-la e à família, para conversarem, pensarem. Ela deu-lhe, laconicamente, os parabéns, após o que passou o telemóvel ao marido. Este, como sempre, muito contido e, simultâneamente, um pouco mais efusivo.
A vida, por momentos, é tão difícil, que perdemos a capacidade de sorrir.
O aniversariante sabia o que é e foi ter filhos com problemas de saúde. Ser pai, ou mãe, nunca foi algo para que estejamos preparados, nestas condições. As de sofrimento, ansiedade e sobressalto. Se a isso juntarmos a imatura e gratuita violência de terceiros, sobra a vontade de desancarmos o mundo.
Ainda não decorreu muito tempo mas, para ele, já o foi demais para não saber de mais nada. Talvez, por isso, tenha começado, também, por aqui, na esperança de uma pequena, mas pouco provável, visita.
Da última vez que lhe ouviu a voz ficaram, um e outro, sem saber bem o que dizerem ao telefone. Ele, porque não estava à espera de a ouvir, enquanto descia as escadas e recebia os convidados para a sua festa de aniversário. Reconheceu-lhe o silêncio cúmplice da infelicidade, de quando não está bem. Tentou, atabalhoadamente, balbuciar qualquer coisa com sentido, que a animasse, que a fizesse sorrir. Procurou, à pressa, uma graça perdida na memória, mas não a encontrou.
Em pouco tempo, desde que ela voltou a casar e encontrou um novo emprego, a distância aumentou. Foi sabendo, por terceiros, que lhe ia melhor a vida, não obstante os contratempos da nova união, normais para quem está de fora, mas angustiantes para quem os vive. Congratulou-se, ao saber que ambos conversaram, que a união voltara. Isso soube-o, então, por ela. Um dia, ligou-lhe, para saber como ia. Era dia de aniversário do filhote, foi convidado, conheceu-lhe mais familia, sentiu-a feliz, bem entregue, sentiu-se, ele, feliz.
Naquele preciso momento, não havia nada a dizer, por ficar tanto por dizer, para dizer. Por o desalento ser tão audível naquele silêncio, enquanto ele, ainda de telemóvel na mão, entre dois beijos e outros tantos abraços dos convivas recém-chegados, lutava para lhe dizer que não a achava bem, que talvez fosse bom visitá-la e à família, para conversarem, pensarem. Ela deu-lhe, laconicamente, os parabéns, após o que passou o telemóvel ao marido. Este, como sempre, muito contido e, simultâneamente, um pouco mais efusivo.
A vida, por momentos, é tão difícil, que perdemos a capacidade de sorrir.
O aniversariante sabia o que é e foi ter filhos com problemas de saúde. Ser pai, ou mãe, nunca foi algo para que estejamos preparados, nestas condições. As de sofrimento, ansiedade e sobressalto. Se a isso juntarmos a imatura e gratuita violência de terceiros, sobra a vontade de desancarmos o mundo.
Ainda não decorreu muito tempo mas, para ele, já o foi demais para não saber de mais nada. Talvez, por isso, tenha começado, também, por aqui, na esperança de uma pequena, mas pouco provável, visita.
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