Sunday, February 17, 2008

Compôr

... a vida, ao som do tempo. Tiram-se umas notas, muda-se a harmonia, melhora-se o tema central e procuramos não tocar, outra vez, a nota abandonada. Simplesmente, retiramo-la deste improviso, que é a vida. Tomam-se decisões e apagam-se melodias outrora cativantes mas que, posteriormente, até feriam o ouvido, de tão primitivas e cansativas. Repetitivas de estereótipos e fífias. Cacofonias.


Tomou o gosto por outras harmonias. Mais frescas, tocadas em novas escalas de mudanças. Embalou-se. Um dia, encontrou parceria, alguém que queria tocar na mesma harmonia. Depois, percebeu, a parceria já não queria, não aceitava a liberdade e o respeito pelo solo do outro, queria um dueto que tocasse, agora, por uma pauta, a por si escrita. Desfez-se o dueto em fífias agonizantes de feridas. Do que ficou gravado na memória auditiva da vida, do que tinha sobrado nos solos em harmonia, foi tudo apagado, no dia em que a incongruência das palavras, e a dos actos, excedeu, em acumulação de fífias, qualquer forma de harmonia.

Por tudo isto, foi o ano de 2007 um dos melhores das suas vidas. Partiram-se corações e destruíram-se omissões. Que 2008 lhes reserve igual verdade. Obrigado, 2007.

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